Mulheres apaixonadas mas guerreiras, livres mas leais, sensuais mas amorosas, decididas mas carinhosas.
Parecemos de ferro, mas nosso coração é meigo.
Quando amamos, nos entregamos incondicionalmente e livremente ao AMADO.
Somos a Corsa, a Esposa, a Amiga, a Irmã. Somos tudo para o Amado sem sermos dele.


Mulheres do Fogo são...
Mulheres, Filhas da Divina Feminilidade!

9 de abr. de 2010

O Cisne Negro – versão masculina

(a postagem anterior – abaixo desta – traz  a versão feminina da lenda; vale a pena lê-la antes desta)

A versão masculina  da lenda do Cisne Negro segue a mesma narrativa em parte, mas é contada a partir do ponto de vista de Cewdwin, jovem ferreiro cuja forja fica às margens de um riacho na região hoje conhecida como Llanhennock, no País de Gales. Ele está comprometido, desde a infância, com Eilan – uma jovem que vive na aldeia próxima ao riacho.

Cewdwin está contente. Saiu muito cedo, ao canto do galo, para entregar a encomenda de espadas e pontas de lança na Grande Aldeia, depois de três meses de trabalho intenso. O pagamento que vai receber é suficiente para que ele possa construir a cabana onde pretende viver com Eilan e criar seus filhos e filhas.

Para aproveitar o frescor da manhã e não exigir demais das duas mulas que levam a carga, Cewdwin opta em seguir o caminho paralelo ao riacho, que embora seja mais longo, evita transpor a serra atrás da qual está a aldeia grande. Ele caminha ao lado das mulas, tocando sua pequena flauta enquanto imagina como vai dividir o espaço da cabana de forma que Eilan possa ter a cozinha e também o lugar onde guardar as ervas e preparar suas medicinas.

O sol estava bem alto, mas não ainda no meio do dia, quando ele chega na Grande Aldeia. Rapidamente faz a entrega da mercadoria e recebe o pagamento. A Dama e o Rei lhe dão mais do que o combinado, pois a encomenda foi entregue antes do prazo estipulado.  De posse do dinheiro, Cewdwin vai à taverna para uma refeição e depois procura um oleiro para encomendar os tijolos com os quais vai construir sua cabana.

Sem perder mais tempo, ele coloca uma primeira leva de tijolos no lombo das mulas e  parte fazendo o mesmo caminho de volta. Se tudo correr bem, ele estará na aldeia a tempo de encontrar-se com Eilan que, como sempre, estaria caminhando à beira do riacho nas proximidades da forja.

Então ele viu o cisne negro, subindo rapidamente o riacho, ultrapassando em relativa velocidade. Os olhos vermelhos do cisne fixaram-se em Cewdwin por um instante, e Cewdwin não gostou do olhar; havia algo assustador e cruel. Ele lembrou-se das estórias que sua mãe contava para suas irmãs, que tivessem cuidado com um cisne negro que às vezes surgia no riacho. Ele temeu por Eilan; fustigou as mulas para apressarem o passo, mas mesmo assim o cisne já ia longe à sua frente.

Cewdwin estava chegando à forja quando viu Eilan montando no Cisne.Chamou-a em altos brados, mas misteriosamente um vento forte soprou em sentido contrário, de forma que sua voz não chegou até ela. Cewdwin bem sabia quem era o Cisne! Saiu correndo atrás pela margem, mas o Cisne nadava rápido e de repente desapareceu.

Cewdwin correu ao Druida da aldeia, desesperado. Contou ao Druida o que viu. O Druida tocou seu tambor convocando os outros. A Grande Wowyn da Aldeia também veio.

_"Meu filho”, diz a sacerdotisa, “Eilan está nas mãos do Cisne Negro! Agora nada poderemos fazer, mas lembra-te de todos os dias ir à beira do riacho, quando as estrelas começam a surgir no céu, e fala do teu amor às águas. Só a força do teu amor poderá libertá-la! Enquanto isso, o Rei da Guerra organiza a força de guerreiros para que possam passar pelo Portal e buscar tua amada!"

Cedwin ficou desolado. “Então tudo que poderia fazer era falar de seu amor às águas do riacho? Não pode ser, pensou, deve haver algo que possa ser feito. Que é esse Portal mencionado pelo Druida?

Cewdwin estava triste principalmente porque compreendeu que Eilan caiu facilmente na tentação do cisne; ele pensava que o amor seria mais forte que os desejos de grandeza e afirmação existentes, desde cedo, no coração de Eilan. Mas seu amor recusava-se a deixá-la com o cisne.

Naquela noite, o Druida chamou Cewdwin.

_ “Meu irmão, há algo que podes fazer, se queres correr o risco de enfrentar as fúrias que se ocultam nas brumas junto à nascente do riacho. Quando a sacerdotisa se referiu a falares do teu amor às águas, não significa ficares apalermado diante do riacho declamando versos de dor. Deves armar-te bem e entrar nas águas, seguir o riacho até a nascente, e lá, em meio às brumas da desolação, proclamar em alta voz o teu amor.

_ “Logo pela manhã vestirei minhas roupas de guerra, pegarei minha espada e irei em busca desse cisne

_ “Não, meu filho! tens de fortalecer-te muito antes; além disso ela levará algum tempo para perceber que foi enganada. Prepara-te e espera o tempo certo”.

E assim Cewdwin passou os dias entre a forja e os exercícios militares ajudado por seus amigos.

Então, na noite da Lua de Cornos, o Druida lhe avisou que era chagada a hora de ir em busca de sua amada. Antes do sol nascer, Cewdwin entrou no barco e subiu o rio até as brumas. Penetrou nas brumas sem receio, e então, com voz alta e forte, declarou seu amor por Eilan.

Seres grosseiros surgiram do meio da névoa, e o atacaram, mas Cewdwin conseguiu facilmente derrotá-los. Eilan, no fundo da caverna, ouviu a voz de Cewdwin. Mesmo enfraquecida pelo sofrimento, ela conseguiu caminhar entre as pedras e foi em direção da voz. Quando ela estava já bem próxima à margem onde Cewdwin declamava seu amor, o Cisne Negro surgiu e agitou as águas.

Cewdwin lembrou-se que o Druida lhe dissera para não atacar o Cisne, mas para ignorá-lo.  Tratou de estender a mão para Eilan, puxou-a para o barco e com toda sua força, ajudado pela corrente rio abaixo, remou de forma a afastar-se rapidamente dali até romper as brumas e ser iluminado pelo sol da primavera.

Nesse momento Cewdwin reparou no triste estado em que estava Eilan. Abraçou-a com todo carinho, limpou seu rosto, cobriu seu corpo nu com a capa e continuou cantando seu amor por ela. Ao chegarem à aldeia, o Druida e a Sacerdotisa estavam esperando e, depois de cuidarem de Eilan, ministraram a bênção do amor aos dois.

Na noite da Lua Cheia, noite da fertilidade e do amor, Eilan acolhe Cewdwin em seu Círculo…

2 comentários:

  1. O Amor liberta! Mas na lenda, é necessário que Eilan tome consciência de que é prisioneira! O Cisne engana, dá a sensação de liberdade, mas retira a feminilidade...

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  2. Deve ser entendido que caso a mulher decida manter-se na escravidão dos caprichos do Cisne, o amor masculino não conseguirá agir de forma libertadora. Nem sempre Eilan percebe-se sofrendo, porque as regalias que o Cisne lhe concede no plano da existência são bastante animadoras: sucesso como fêmea, prestígio, carreira de sucesso. Muitas vezes a percepção da tremenda solidão acontece muito tarde...
    Na narrativa masculina é preciso ter claro que Eilan OUVE o chamado e ela mesma DECIDE ir-se ao encontro do Amado.

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Danny